diorama

8 - 31 OCT, 2009 @ SALA DO VEADO (MUHNAC), LISBON (PT) 

GROUP SHOW W/ ÂNGELA PEREIRA, CATARINA FRAGOSO, ELSA MARQUES, JOÃO FRANCISCO & MIGUEL PACHECO

 

Exposição colectiva subordinada ao concito de "diorama", realizada na Sala do Veado do Museu Nacional de História Natural. Mais tarde, participámos também na exposição antológica Sala do Veado - Cabiet d'Amateaur. 

Este foi o nosso blurb: 

"Diz o ditado que no melhor pano cai a nódoa. O pano, em “Diorama”, não é senão a clareza racionalista do sujeito cartesiano – que pensa, logo existe –, cuja identidade, no limiar da primeira década do século XXI, se encontra definitiva e irremediavelmente colocada na perspectiva de uma alteridade. A constatação não é nova (já Rimbaud, em 1871, exclamava «je est un autre»), mas é precisamente enquanto metáfora deste sujeito “alterado”, contraditório, que nos surge, aqui, o diorama: um modelo tridimensional que visa replicar, em tamanho real ou à escala, cenas da vida natural, paisagens urbanas ou eventos históricos, resultando numa tentativa de reconstituição que é sempre desajustada e, arriscamos, perigosamente evocativa do próprio estatuto do objecto artístico no seu ciclo de vida institucional. Neste sentido, é também uma materialização do próprio paradoxo dos mecanismos de divulgação (científica, artística...) ou, no limite, uma sua paródia. Aquilo que é reconstituído é, afinal, o próprio artifício ou, se preferirmos, o fatalismo trágico-cómico de toda a categorização. O diorama, porque compacta o evento histórico ou natural numa montra para que seja comodamente fruído pelo observador, não nos permite o mesmo grau de imersão na intensidade da experiência que observamos, por exemplo, no cinema, gerando um sentimento de alienação que se prende com a evidência flagrante do Espectáculo. O real é evocado, mas nunca vivido, lembrando a tese debordiana de que o verdadeiro é um momento do falso.
 

Este é o ponto de intersecção de múltiplas contradições procurado em “Diorama”: tentativas falhadas de representar objectivamente, que resvalam num (igualmente falhado) sentimentalismo; estilos e processos tradicionais, do tromp l’oeil ao retrato, da ilustração científica aos modelos tridimensionais, que operam assumidamente no território do faux e do pastiche; uma provocação ladina aos estereótipos do especialista e do amador (lembremos que o diorama é, ele próprio, tanto um veículo de divulgação científica, como uma prática amadorística, ligada a hobbies como o aeromodelismo); densidade intelectual e frivolidade kitsch, peso civilizacional e universo pop, em suma, o conflito entre a autonomia e o impulso universal de agradar ou, enfim, de propiciar um bom espectáculo (o próprio diorama tem as suas origens no entretenimento de massas, no início do século XIX). A Sala do Veado assume-se como uma plaforma ideal para esta exposição, cuja especificidade, no contexto do Museu de História Natural, reforça a evocação do universo disciplinar científico e da necessidade primordial de indagar e conhecer o mundo que habitamos, bem como os laços e divergências que aí se podem estabelecer com a própria natureza do discurso artístico."

Group exhibition around the under the theme of the "diorama," held in the Deer Room of the National Museum of Natural History in Lisbon. Later we also participated in the anthological exhibition Sala do Veado - Cabiet d'Amateaur.